quinta-feira, 31 de março de 2011

Para pensar.


“O cinema é a forma contemporânea da arte (...) Nele, a câmera capta uma sociedade complexa, múltipla e diferenciada, combinando de maneira totalmente nova, música, dança, literatura, escultura, pintura, arquitetura, história e, pelos efeitos especiais, criando realidades novas, insólitas, numa imaginação plástica infinita que só tem correspondente nos sonhos. Como o livro, o cinema tem o poder extraordinário, próprio da obra de arte, de tornar presente o ausente, próximo o distante, distante o próximo, entrecruzando realidade e irrealidade, verdade e fantasia, reflexão e devaneio. Nele, a criatividade do diretor e a expressividade dramática ou cômica do intérprete pode manifestar-se e oferecer-se plenamente ao público, sem distinção étnica, sexual, religiosa ou social” Marilena Chaui 

Fonte: Chaui, M. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 1990.

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Este mês "me entupi" de filme. Este ano começou assim : muito filme. O bom é que descobri que através deles vejo outras realidades (saio um pouco do "meu mundinho").Vi  20 filmes em março (meu pc pifou daí não deu pra ver mais). Vou colocar falas que me marcaram nos filmes que vi por último.

 Hannah e suas irmãs de Wood Allen

“Pare de tentar fazer análise ou de procurar um sentido para a vida, é bem mais provável que seu analista fique tão frustrado que abra um restaurante! Viva sem maiores preocupações... Se deixe levar pelas possibilidades que aparecem!”( Fala do personagem interpretado por Wood Allen)

"Ela era tão linda ! E ele era tão atraente! Ambos cheios de perspectivas e esperanças que nunca se concretizaram. Brigavam e eram infiéis para se auto-afirmarem. Um culpando o outro. É muito triste. Adoravam a ideia de ter filhos mas criá-los não tinha graça para eles. Mas é impossível guardar rancor. Não sabiam como agir" ( reflexão da Hannah sobre seus pais) 


" Subi para o balcão e me sentei. Já tinha assistido àquele filme várias vezes desde a infância e sempre adorava. Comecei a prestar atenção, e a me envolver no filme. Daí, comecei a pensar: 'Como pôde pensar em se matar? Que estupidez! Veja essas pessoas na Tela. São engraçadas. E se o pior for verdade? Deus não existe e só se vive uma vez? Não quer viver essa experiência? Não é tão chato assim!'. Pensei que deveria parar de procurar respostas que nunca encontraria e curtir a vida enquanto durasse. E o depois? Quem sabe? Talvez exista algo. Ninguém sabe. 'Talvez' é um fio muito fino para nos apoiarmos mas é o que temos. Então, relaxei e comecei a curtir o momento" (personagem de Wood Allen)


O final do filme é maravilhoso.O personagem de Wood Allen descobre que sua namorada está grávida.Nós e ele sabemos, segundo o médico dele , que ele não pode ter filhos, e agora o que fazer??? Pelo que entendi ele parou de tentar entender e foi ser feliz!!É DIFÍCIL!!Acho que se conseguíssemos levar a vida assim seríamos realmente mais felizes.( mas agora pensando .. não sei se é essa a atitude que ele toma.. deixa em aberto só mostra mais um "problema" pra enfrentar ..)


O Último tango em Paris de Bernardo Bortolucci


"Vou falar-lhe de segredos de famíla, essa sagrada instituição que pretende incutir virtude em selvagens. Repita o que vou dizer: sagrada família, teto de bons cidadãos. Diga! As crianças são torturadas até mentirem. A vontade é esmagada pela repressão. A liberdade é assassinada pelo egoísmo. Família, porra de família!".(Personagem do Marlon Brando fala na famosa cena da manteiga)





Bicho de Sete Cabeças de Lais Bodanszky



" É preciso agasalhar aqui. É preciso fingir. Quem é que não finge neste mundo, quem?
É preciso dizer que está bem disposto, que não tá com fome..., é preciso dizer que não está com dor de dente, que não está com medo...,se não não dá, não dá. Nenhum médico jamais me disse que a fome e a pobreza podem levar ao distúrbio mental. Mas quem não come fica nervoso, quem não come e vê seus parentes sem comer pode chegar à loucura. Um desgosto pode levar à loucura,uma morte na família, o abandono de um grande amor. A gente até precisa fingir que é louco sendo louco..., fingir que é poeta sendo poeta"( fala de um personagem para o personagem de Rodrigo Santoro)

Machuca de Andrés Wood

 Um filme lindo e triste. A amizade de dois meninos que tem um obstáculo: serem de classes sociais diferentes.


Cidadão Kane de Orson Welles

Achei em um blog uma definição para o que senti no filme:
E vendo o filme dá uma pena do Kane.. dá uma dorzinha no coração em pensar que existe muitos "Kanes" por aí.


O Homem Errado de Alfred Hitchcock




Central do Brasil de Walter Salles


Um filme poético, doce e sensível.
Ele nos passa esperança no ser humano.














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Filmes e documentários vistos e recomendados

1.Tropa de elite de José Padilha
2.Tropa de elite 2 de José Padilha
3. A vida dupla de Veronique de Krzysztof Kieslowski
4.Intolerance (cinema mudo) de David W. Griffith
5. O Albergue Espanhol de Cédric Klapish
6.Quanto vale ou é por quilo de Sérgio Bianchi
7.Taxi Driver de Martin Scorsese
8.Central do Brasil de Walter Salles
9.Hotel Ruanda de Terry George
10. Lixo Extraordinário de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley (documentário)
11. 1,99 de Marcelo Masagão (documentário)
12. O Contador de História de Luiz Villaça
11. Escritores da Liberdade de Richard Lagravenese
14. Bicho de Sete Cabeças de Lais Bodanszky
15. Machuca de Andrés Wood
16. Hannah e suas irmãs de Wood Allen
17. Ultimo Tango em Paris de Bernardo Bertolucci
18. Danton, o processo da revolução de Andrzej Wajda
19. Cidadão Kane de Orson Welles
20 . O Homem Errado de Alfred Hitchcock




terça-feira, 8 de março de 2011

Intolerância Religiosa

Minha mãe é professora. Minhas tias são professoras. E talvez eu também siga esse caminho. Na minha "viagem" pela internet e blogs achei esse texto sobre a Intolerância Religiosa nas escolas, que realidade triste!
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Pesquisa mostra que intolerância religiosa ainda está presente em escolas brasileiras

Heliana Frazão
Especial para UOL Educação

Em Salvador

Profissionais “despreparados” para lidar com religiões diferentes. Invasão de terreiros. Ofensas. Crianças isoladas por colegas e professores. Esses são alguns dos problemas encontrados por uma pesquisadora que visitou escolas de vários Estados do país e constatou que a intolerância religiosa em estabelecimentos de ensino é um problema grave e ainda invisível para as autoridades e a sociedade.

A pesquisadora Denise Carreira revela ter percebido certo “despreparo” dos profissionais de educação para lidar com o problema. Ela identificou que a principal fonte de discriminação são as religiões neopentecostais, que, segundo Denise, historicamente usam métodos de “demonização” para com algumas seitas.

Denise afirma ter observado em suas viagens casos de crianças, famílias e professores adeptos de religiões de matriz africana, como candomblé e umbanda, discriminados e hostilizados no seu cotidiano. Algumas crianças chegam a ser transferidas ou até mesmo abandonam a escola em razão da discriminação.

“Existem ocorrências de violência física (socos e até apedrejamento) contra estudantes; demissão ou afastamento de profissionais de educação adeptos de religiões de matriz africana ou que abordaram conteúdos dessas religiões em classe; proibição de uso de livros e do ensino da capoeira em espaço escolar; desigualdade no acesso a dependências escolares por parte de lideranças religiosas; omissão diante da discriminação ou abuso de atribuições por parte de professores e diretores etc”, diz.

“São muitos casos e isso é, também, uma violência para com os direitos humanos, embora constitua uma agenda invisível na política educacional no Brasil”, afirma. As denúncias, sustenta Denise, mostram que as atitudes discriminatórias vêm aumentando em decorrência do crescimento de determinados grupos neopentecostais, principalmente nas periferias das cidades, e do poder que eles têm midiático.

O relatório, que será divulgado no dia 19, no Rio de Janeiro, e encaminhado a organismos internacionais, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU), traz recomendações para a resolução do problema. Uma das ferramentas para fazer frente ao problema, de acordo com relatora, é a implementação da lei federal 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira em toda a educação básica.

Experiência própria

Jandira Santana Mawusi, estudante do curso de pedagogia na Uneb (Universidade Estadual da Bahia), e coordenadora de um curso pré-vestibular em uma escola municipal no bairro do Engenho Velho da Federação, em Salvador, conhece esse tipo de discriminação por experiência própria. “Desde que falei que sou de candomblé, os meus colegas de sala de aula mudaram comigo. Tenho dificuldade para me integrar aos grupos de estudo, e eles me olham como se fosse uma pessoa diferente, capaz de lhes fazer algum mal”, afirma.

Segundo ela, na escola onde leciona, diariamente, o diretor convida a todos para rezar o “Pai Nosso” antes das aulas. “Certo dia, ele me convidou a me juntar aos demais na oração. Então, perguntei se eu também poderia rezar para xangô. Ele respondeu que não porque não daria tempo”, conta.

Jandira diz que a mãe de duas crianças que estudaram nessa mesma escola recorreu ao Ministério Público porque suas filhas foram apontadas como “possuídas” por um professor, por serem de candomblé.

Não raro, diz ela, pessoas iniciadas temem revelar suas crenças. “Há pouco tempo, fazendo uma pesquisa no bairro, perguntei a uma senhora, dona de um terreiro, qual era a sua religião. Fiquei um tempo sem resposta. Indaguei a razão do seu silêncio e ela me disse que se devia à intolerância predominante.”

Atuando há mais de 10 anos na formação de profissionais para evitar intolerâncias racial e sexual e outras, membros do Ceafro (Educação e Profissionalização para a Igualdade Racial e de Gênero) mostraram-se chocados com a seriedade dos depoimentos colhidos por Denise.

"Não é novidade"

“Para nós, esse tema não é novidade. Mas, devo reconhecer, foi impactante ouvir os relatos de professores e mães de alunos que tiveram problemas. Doeu ouvir de alunos, por exemplo, que fizeram ‘santo’, e, tendo que usar roupas brancas, andaram com a cabeça raspada, foram taxados de ‘filho de diabo’, entre outras aberrações a que foram submetidos, ao ponto de não quererem mais voltar para a escola ou quererem abandonar o candomblé”, conta Ceres Santos, coordenadora executiva do Ceafro. “É muito grave”, diz.

Denise Carreira esteve na Bahia entre os dias 9 e11 de agosto. Ouviu o Ministério Público Estadual, as secretarias de Educação e Reparação, representantes dos terreiros de candomblé e outras lideranças religiosas. Segundo ela, as visitas ocorreram em Estados como Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.

O relatório será apresentado também ao Congresso Nacional, ao Conselho Nacional de Educação, Ministério Público Federal, autoridades educacionais, e instâncias internacionais de direitos humanos.

domingo, 6 de março de 2011

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão

Carlos Drummond de Andrade


http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/cda_esp1.htm

sexta-feira, 4 de março de 2011

Tropa de Elite

Ontem revi Tropa de Elite. Hoje vi Tropa de Elite 2. Que filme!! Minha cabeça está a mil. Diante disso, vou postar a entrevista de Luiz Eduardo Soares feita ano passado. Ele fala sobre seu livro "Elite da Tropa 2".




O blog do Luiz Eduardo Soares >> http://luizeduardosoares.blogspot.com/

quarta-feira, 2 de março de 2011