quarta-feira, 4 de março de 2009

Um pouco de Martha Medeiros...

"...Vício, não. Se você é viciado em alguém, vai só até a metade do caminho:
revolta, lágrimas, saudade e recaída. E pára por aí. Insiste na recaída. A
ansiedade faz você cometer loucuras para ter o seu amor de volta, e quando
consegue cinco minutos com ele, atira-se com volúpia: fuma, cheira, bebe o
cara até a última gota. Depois? Uma inebriante sensação de cura. Não, você
não precisa mais dele. Pode muito bem passar sem ele. Você nem o acha tão
atraente assim, e volta para casa sentindo-se um Hércules de saias:
conseguiu vencer a si própria.

Passam-se então duas semanas e você liga para a companhia telefônica para
saber se sua linha está com defeito. O telefone simplesmente não toca! Seu
carro também já não obedece suas ordens: dirige-se sozinho para a rua onde
mora o querido, só para ver se a moto dele está em frente à garagem. Está.
Então ele não voltou para Vênus, continua na cidade. Você começa a suar
frio. Sente vertigens. Mastiga o lápis do escritório, derrama café nos
colegas, treme ao segurar um copo. Diagnóstico: crise de abstinência. Você o
procura. Precisa urgente de uma injeção de carinho na veia.

O final dessa história? Não existe. Ele precisa dela também, caso contrário
nem abriria a porta. Reivindica-se a criação urgente de um AA: Apaixonados
Anônimos. Assim como tem gente que, para vencer o alcoolismo, evita dar o
primeiro gole, algumas pessoas precisam aprender a evitar o primeiro beijo
para não reincidir num amor que faz mal à saúde."

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